Alerta aos prefeitos!
Especialistas falam sobre
“briga” entre prefeitos e ex
Confronto político prejudica a população, que acaba se
desinteressando de participar na gestão de sua cidade
Márcia Dias
Da Região
Mal 2013 começou, e a população das cidades de Suzano,
Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba se tornou plateia de um “ringue
político” formado pelos seus respectivos prefeitos Paulo Tokuzumi (PSDB), Acir
dos Santos (PSDB), o Filló e Mamoru Nakashima (PTN) que usam as armas do
denuncismo para duelar contra seus antecessores Marcelo Cândido (PT), Jorge
Abissamra (PSB) e Armando Tavares Filho (PR), o Armando da Farmácia. Expor
irregularidades em secretarias e problemas financeiros deixados pelas gestões
anteriores foram as estratégias usadas pelos atuais alcaides para mostrarem ao
público as “mancadas” deixadas pelos seus antecessores. Entretanto, na opinião
do sociólogo Afonso Celso Pancini Pola e do gestor de Políticas Públicas,
Wagner Wilson, estas táticas possuem um lado reverso que pode prejudicar os
próprios prefeitos junto aos seus munícipes. Despercebida ou não, estas
estratégias de “queimar a imagem do antecessor” podem desmotivar o povo de
participar da gestão da cidade, já que não vê o atual gestor praticar o
prometido plano de governo divulgado em campanha eleitoral.
“A marca de cada gestor deve ser evidenciada na forma como
conduz aquilo que foi traçado no planejamento de longo prazo e nas ações de
curto e médio prazo”, analisou o sociólogo Afonso Pola.
O gestor Wagner Wilson alertou para o risco da população se
desinteressar pelos assuntos ligados ao seu município. “Na minha opinião, os
reflexões dessas "onda" de denúncias, faz com que a população passe a
se desinteressar de assuntos que precisam ser resolvidos com urgência na atual
gestão. Para uma cidade, em que está sendo administrada por um novo prefeito, é
necessário por em prática o plano de governo e estabelecer metas para a
melhoria da qualidade de vida da população, e não usar a força da imprensa para
fazer "denúncias", para isso existe a Justiça, e para governar
precisa existir o dialogo entre a antiga e a nova gestão”, comentou.
Enquanto não há conscientização sobre a opinião do gestor,
quem continuará “apanhando” nesta briga, é a própria população, que precisa ter
o entendimento de que as dívidas de sua cidade não são de ex-prefeitos, mas sim
do Poder Público, e que devem ser pagas por quem chega a ele.
“Até porque, muitas vezes, o que está sendo denunciado já
foi objeto da mesma denúncia feita pelo gestor anterior no início de seu
mandato. Muitos problemas graves apresentados por inúmeros municípios
brasileiros são decorrentes de omissões de diversos gestores. Por outro lado
não é raro também o comportamento omisso de gestores em final de mandato,
quando quem está no poder convive com a certeza de que sua não terá
continuidade, seja através do próprio ou de quem ele patrocina”, frisou o
sociólogo Afonso Pola.
FINS ELEITOREIROS O sociólogo fez uma análise sobre a onda
de denuncismos no aspecto eleitoral. “Tal fato tem sido característica do
início de gestão pelo Brasil afora, quer seja no âmbito municipal, estadual ou
federal, sempre que o vitorioso no processo eleitoral seja alguém da oposição.
Pelo menos parte desse costumeiro denuncismo deve ser creditada ao seguinte
fato: quem assume a gestão tem interesse em criar factóides que possam servir
de justificativa para situações que costumam minar o apoio popular recebido nas
urnas”, concluiu.
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