A Conta Que Não Fecha
Por Wagner Wilson
O bairro do Pari, tradicional reduto comercial da cidade de São Paulo, vive um paradoxo inquietante. Por um lado, abriga lojistas e empresários que movimentam milhões em mercadorias, ocupando espaços alugados a valores altíssimos — às vezes na casa de dezenas de milhares de reais mensais. Por outro, muitos desses mesmos comerciantes hesitam em investir R$ 50,00 para anunciar seus negócios em um mapa comunitário que busca valorizar o território e promover a economia local.
Essa aparente contradição revela uma conta que não fecha. Como pode alguém pagar caro por um ponto comercial, desfrutar do fluxo diário de consumidores e não se dispor a contribuir minimamente com o fortalecimento coletivo do bairro? O resultado é visível: ruas movimentadas, mas pouca coesão comunitária; vitrines cheias, mas sem retorno social; lucros altos, mas investimentos nulos na identidade local.
Pior: muitos desses comerciantes não participam de nenhuma iniciativa que envolva melhorias na região — não contribuem com associações, não apoiam ações culturais, não patrocinam projetos sociais. Agem como se o Pari fosse apenas um “ponto de lucro”, esquecendo que o bairro é feito de pessoas, histórias e relações.
O Mapa do Pari, projeto idealizado para dar visibilidade aos comércios locais e gerar um senso de pertencimento, custa menos que um cafezinho por dia. Ainda assim, muitos dizem que “não vale a pena”. Curioso, vindo de quem não acha caro pagar R$ 20 mil de aluguel e R$ 200 mil em estoque.
Talvez seja hora de refletir: até quando vamos permitir que o lucro se sobreponha ao compromisso com o bairro? Investir na comunidade é garantir que o Pari continue vivo, pulsante e respeitado. Porque no fim, quando o vizinho cresce, todos crescem juntos. E isso sim, fecha a conta.
Veja mais : O Mapa do Pari a seu alcance
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